terça-feira, abril 17, 2007

"REGRESSO"....a Luanda com amor...


Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar,
o meu canto ao Creador!
Porque me deu, vida e amor, para voltar...
Voltar...
Ver de novo baloiçar a fronde magestosa das palmeiras
que as derradeiras horas do dia, circundam de magia...
Regressar...
Poder de novo respirar, (oh!...minha terra!...)
aquele odor escaldante que o humus vivificante do teu solo encerra!
Embriagar uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem, com o tom da tua paisagem,
que o sol, a dardejar calor,
transforma num inferno de cor...
Não mais o pregão das varinas,
nem o ar monotono, igual, do casario plano...
Hei-de ver outra vez as casuarinas a debruar o oceano...
Não mais o agitar fremente de uma cidade em convulsão...
não mais esta visão, nem o crepitar mordente destes ruidos...
os meus sentidos anseiam pela paz das noites tropicais
em que o ar parece mudo, e o silêncio envolve tudo
Sede...
Tenho sede dos crepusculos africanos, todos os dias iguais, e sempre belos,
de tons quasi irreais...
Saudade...
Tenho saudade do horizonte sem barreiras...,
das calemas traiçõeiras, das cheias alucinadas...
Saudade das batucadas que eu nunca via
mas pressentia em cada hora, soando pelos longes, noites fora!...
Sim! Eu hei-de voltar, tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer hei-de esquecer toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana, a prometer o mundo
a quem regressa...
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acacias rubras, a sangrar numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente, o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente, o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder enfim dizer:
Voltei!...
Alda Lara, Angolana

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