quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Namorar....


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo protecção. A protecção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas: de carinho escondido na hora em que passa o filme: de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afectivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases subtis e palavras de galanteria: Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça.

Carlos Drummond de Andrade

psssttt: beijo-te...namorado!

psssttt: amig@s... um dia feliz, alegre e divertido! ...experimentem o licor de contos de fadas!

((((psssiuuu: sugestão de prenda http://www.youtube.com/watch?v=2RLrP30sDII ))))

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

UAU!!!!!!!!!! AGORA QUE TENHO 50 ANOS…..!!!!!!!

…ainda vou adorar mais dizer o que me apetece, o que sinto e desejo…
…cada vez vou adorar mais os meus ataques de riso…
…adorar andar de sorriso nos lábios sempre que determinadas lembranças me ocorrem… e cantarolar enquanto guio… sinais de que estou feliz!
...usar as palavras "obrigada", "desculpa" e "amo-te" sem medo que se gastem!
…conversar com as minhas amigas, que quantas vezes são a minha memória (um especial obrigada a si, Fátima… que pacientemente me recorda desde 1979, o que eu digo que vou fazer e não faço, o que eu digo que não volto a fazer e faço… e já estou baralhada… mas a Fátima sempre se lembra!)
…partilhar a minha vida com as minhas amigas e apanharmos grandes barrigadas de riso.
…amar e estar presente e disponível na vida dos meus filhos.
...não desistir de construir uma relação intimamente cúmplice e de parceria com alguém…( por enquanto a que se tem mantido desde há alguns anos é com o meu cão! que continua a passar horas a adorar olhar-me…) …e conseguir lidar melhor com a minha Lua-Úrano!
…continuar a “amar” os homens da minha vida, na medida exacta em que o merecem.
...porque à medida que envelheço me sinto mais psíquica e "sem pachorra para perder tempo"!
…ter fé que os números do próximo euromilhões vão acertar nos meus números!
…não me ralar com as promoções no emprego mas com os meus novos insights sobre a minha vida… e acreditar nos meus sonhos!
…poder ser um pouco hipocondríaca, dada a idade!
…estar-me pouco ralando se a roupa que uso está na moda!!!!!!eu sinto-me na moda!!!!
…assumir que com os neurónios que me restam tenho mesmo de usar um código para todos os cartões e a mesma senha para todos os endereços d net… ( de preferência curtos!)
…saber que os meus segredos estão bem guardados com as minhas amigas - elas também talvez já não se lembrem deles!

Pssstttt: Escrevi em letra maior…porque estou a ver pior!!!!!às vezes também não oiço bem… o que da imenso jeito!


((((Pssiuuu: obrigada, Pedro, pela tua ternura…
http://www.youtube.com/watch?v=LoNXaTWfUlE ))))

domingo, fevereiro 03, 2008

Qual é o maior desafio na hora de amar?

Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual, cada um de nossos movimentos é mostrado, sem a mínima piedade
Roberto Shinyashiki

Muita gente está assustada com a possibilidade de se envolver e perder a liberdade conquistada. De um lado as mulheres buscam homens mais compreensivos, de outro, os homens querem mulheres menos possessivas.
O fato é que, se queremos viver um relacionamento gostoso, porém verdadeiro, seja no casamento, namoro, ou em poucas horas, devemos aprender a nos aceitar como somos e olhar para o companheiro como um caminho para o crescimento. Estar com alguém plenamente, é a possibilidade de vencer o medo da entrega e de se conhecer no íntimo.
Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual, cada um de nossos movimentos é mostrado, sem a mínima piedade. E, é aí que começa o inferno... Ao invés de encarar a verdade e de ver a imagem temida do verdadeiro "eu", tenta-se quebrar o "espelho". Como? Fugindo da intimidade, culpando o outro, não assumindo as próprias responsabilidades e desacreditando o amor.
Viver com quem se ama não é apenas uma oportunidade de conhecer o outro, mas é a maior chance de entrar em contato consigo mesmo. Apenas quando nos vemos, é que percebemos o medo de nós mesmos e nos aceitamos como realmente somos. Começamos então a nos capacitar para o amor.
O único jeito de amar é buscando a sinceridade. Infelizmente, com o passar dos anos, o amor tem sido muito mais estratégico do que espontâneo. Nas revistas femininas via-se muito esse tipo de atitude: "Se ele fizer isso, faça aquilo", o que foi minando a espontaneidade do amor. Nós temos que redescobrir a forma de amar, a naturalidade do relacionamento amoroso. As pessoas precisam ter interesse genuíno no outro.
Todas as maneiras de amar devem ser naturais. Quem fica estudando demais o outro, "mata" a possibilidade de amar alguém. O mundo é feito de absurdos e encontros; os absurdos fazem parte, porém, devemos entender que é possível ser feliz, acreditando dia-a-dia na naturalidade dos sentimentos.
Um dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir a iluminação; e ele respondeu: "Um cachorro". Os discípulos surpresos quiseram saber o que havia acontecido. O mestre contou: "Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça d'água. Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida. O cachorro fez cara de assustado e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo e a imagem o arremedou. Então, ele fugiu de medo e ficou observando, durante longo tempo, a água. Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente. Em um dado momento, a sede era tanta, que o cachorro não resistiu e correu em direção à água, atirou-se nela e saciou sua sede. Desde então, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo e fugia assustado. E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim. Esse cachorro me ensinou que eu precisava entrar em contato com minha sede e mergulhar no amor, sem me assustar com imagens que eu ficava projetando nos outros".
Esse é o ingrediente básico para o amor, o autoconhecimento. Projetar nossos desejos ou nossas "fobias" no outro, apenas causa uma relação de dependência com o desenvolvimento do ciúme ou competição. Permita-se amar As pessoas vivem fazendo comparações entre elas mesmas e os outros. Comparam também as pessoas entre si. O tempo todo ficam imaginado que, se algo fosse diferente no parceiro, ele seria melhor. Quando você entra no jogo da comparação, sempre há alguém que sai perdendo. E, geralmente, quem sai perdendo é você. Ao se comparar, você fica impedido de ver o quanto você é único e especial.
Muitas vezes, as pessoas se sentem agredidas pelos atos negativos do seu companheiro. As características básicas das pessoas que procuramos coincidem, ou se opõem, na maioria das vezes, às de alguma pessoa especial e importante da nossa infância. Quando iniciamos uma relação geralmente, vemos o outro como uma pessoa diferente dos parceiros anteriores e muito especial. Porém, à medida que os problemas vão surgindo, começam as comparações com o último relacionamento e, depois de algum tempo, reafirma-se a crença negativa de que amar não dá certo. Dessa maneira, é muito fácil, por exemplo, o casamento entornar em pouco mais de dois anos.
O grande desafio é, justamente, nos desvencilhar da imagem projetada que fazemos de nós mesmos e de quem está ao nosso lado, nos permitindo aceitar as maravilhosas qualidades do ser humano e os defeitos também. Quando, num relacionamento, não estamos amando o outro, mas a imagem que construímos e buscamos encontrar, e essa imagem cai, permitindo-nos vê-lo exatamente como é, há um desinteresse, um desencanto. Enquanto vivermos sob o domínio da neurose, com sistemas de comparações, jamais amaremos alguém com a intensidade de que idealizamos. Amamos nos sonhos e ficamos sozinhos quando acordados.
Há uma frase de que gosto muito diz: "O casamento dá certo para quem não precisa de casamento". Normalmente, a compulsão de casar e de viver junto nascem de uma dependência. As pessoas esperam um complemento. Essa não é a função de um relacionamento, o outro não vai preencher uma lacuna, mas sim, ajudar a desenvolver o que elas não têm. Infelizmente, a maior parte das pessoas odeia sua própria companhia e vê no outro uma forma de "salvação".
Devemos perceber que a única maneira de amar o outro é nos amando. À medida em que você vai desenvolvendo a paz, mais você vai gostando de ficar com você e seleciona melhor seu possível companheiro. Se a pessoa tem baixa auto-estima, usará o outro para "tapar o buraco" de suas carências. No entanto, ninguém resolve a carência de ninguém.
Conviver e saber aceitar a idéia de que qualquer relacionamento pode acabar é a chave para o amor saudável e construtivo. Tentar dominar o parceiro por ter medo da perda, só faz com que ele se afaste ainda mais. Esse é outro grande desafio da arte de amar: lidar com a possibilidade da perda, sem dominar o outro.