Os jogos de sedução são iniciados quase sempre pelas mulheres, mas elas
preferem deixar que os homens acreditem que a iniciativa foi deles, atitude
que, segundo uma sexóloga espanhola, é também uma maneira de atrair a pessoa
desejada.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, os jantares românticos não
são a melhor opção para garantir o êxito da relação a dois, devendo-se
apostar num programa que potencie a partilha de emoções fortes, como um concerto de música ou uma ida ao cinema.
A mulher desencadeia o processo de sedução em três de cada quatro casos
quando olha e sorri.
«Mas como é o homem quem se aproxima, acredita que foi ele que iniciou o
jogo de sedução, quando na realidade foi a mulher que o escolheu e o convidou
para vir ao seu encontro», defende a especialista em sedução Miren Larrazábal,
que há mais de uma década ensina a homens e mulheres truques para seduzir.
«A sedução é um estilo de comunicação que pretende que as pessoas se
interessem por nós, se se sintam à vontade ao nosso lado e descubram que
gostariam de estar muitas vezes connosco», que está muito para além da
beleza física, referiu.
Como forma de comunicação, tem na auto-estima um dos pré-requisitos básicos
e usa linguagem verbal e corporal, onde o olhar, o sorriso, a voz e a postura
são determinantes.
Num primeiro contacto, que pode ser apenas de alguns minutos e onde não há
tempo para «discutir filosofia» com a pessoa desejada, há que apostar tudo
num olhar, aconselha a sexóloga.
Partilhar uma emoção forte no primeiro encontro é, segundo Miren
Larrazábal,garantia quase certa de sucesso, já que vários estudos defendem que a
comunhão de emoções intensas com a pessoa que se pretende atrair aumenta a
probabilidade de que essa pessoa se sinta atraída.
Por isso, para um primeiro encontro, a especialista desmistifica a ideia do
jantar romântico e aconselha uma ida ao cinema, a um espectáculo ou um
concerto.
«Depois pode-se ir a um restaurante, mas primeiro é preciso assegurar a
partilha de uma emoção, quanto mais intensa melhor», sublinha.
O trabalho de Miren Larrazábal, que preside ao Instituto Kaplan de Sexologia
e Psicologia de Madrid, assenta no princípio de que todas as pessoas nascem
sedutoras e com capacidades inatas para seduzir, capacidades que, por vezes,
é preciso reaprender.
«Em bebés a nossa capacidade de sedução está no máximo, mas, no decorrer da
socialização, a escola, os pais e a própria sociedade vão-nos coarctando a
auto-estima e inibem a nossa capacidade inata para seduzir», refere a
sexóloga.
Para ajudar os portugueses a revelar o sedutor que há em cada um, Miren
Larrázabal trouxe a Lisboa um workshop sobre técnicas de sedução, uma área
que tem vindo a desenvolver em Espanha onde se dedica também à terapia de
casais de 1992.
No caso de pessoas que estão há largos anos juntas e já deixaram de se
cortejar, o objectivo é recuperar «a magia de seduzir-se», diz Miren, que
aponta uma mudança de atitude como o primeiro passo nesse sentido.
«Acreditamos que para conviver com uma pessoa basta haver amor e que o amor
durará para sempre, mas apesar de termos comprovado por várias rupturas que
isso não é verdade, continuamos a não dedicar tempo à relação», constata a
especialista, acrescentando que a falta de tempo permite que apareça outra
pessoa.
Manter uma imagem cuidada e mostrar interesse pelo outro são outras formas
para manter o parceiro apaixonado, defende a psicóloga, que refere que as
mulheres são seduzidas pelos elogios à beleza enquanto os homens gostam de
se sentir admirados profissionalmente.
O facto de um homem partilhar as tarefas domésticas é igualmente muito
sedutor para as mulheres, acrescenta.
Escolher datas especiais para mostrar ao companheiro o quanto se gosta
dele,como o Dia dos Namorados, a 14 de Fevereiro, é também uma mais-valia para a
relação, porém a sexóloga alerta para a necessidade de seduzir constantemente
Telefonar a meio da tarde a dizer ao companheiro que se pensa nele, deixar um
bilhete ou convidá-lo para um banho a dois, são outros instrumentos simples
da sedução, que tem no sentido de humor um aliado precioso.
Miren sublinha que a sedução não tem apenas um objectivo sexual ou de procurar parceiro, mas aplica-se diariamente no trabalho, com os amigos e
nas relações interpessoais em geral.
«Muita gente liga a sedução ao sexo ou ao engate e por isso julgam não
precisar destes conselhos porque já têm par, mas a sedução é sentir-se bem
com outra pessoa e serve para tudo na vida», defende, referindo que mesmo com
estas técnicas haverá sempre quem não se deixe seduzir ou aproximar.
«Há que aplicar a média. Dos seis mil milhões de pessoas no mundo, três mil
milhões gostarão de nós e outros três mil não»,diz.
Reconhece que há diferenças culturais que facilitam a sedução e que quanto
mais «quente, expressivo e sensual» for o povo mais sedutor se torna.
Quanto às diferenças entre portugueses e espanhóis, Miren Larrazábal diz
que os portugueses beneficiam do tom melodioso da voz, mas são mais inibidos
que os espanhóis na linguagem corporal.
Diário Digital
quarta-feira, abril 18, 2007
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