J. Krishnamurti, o grande filósofo e mestre espiritual indiano, deu conferências e viajou quase a tempo inteiro por todo o mundo durante mais de meio século, tentando transmitir por palavras – que são conteúdos – aquilo que está para além das palavras, para além do conteúdo. Numa das conferências, já na última fase da sua vida, ele surpreendeu a assistência com a seguinte pergunta: “Querem saber qual é o meu segredo?” Todos ficaram extremamente atentos. Muitas das pessoas que se encontravam na assistência acompanhavam as suas conferências há vinte ou trinta anos, mas ainda não tinham conseguido alcançar totalmente a essência dos seus ensinamentos. Finalmente, após tantos anos, o mestre ia revelar-lhes o segredo para alcançarem a essência. “ Este é o meu segredo”, proferiu ele. “Não dou importância ao que acontece.”
Ele não desenvolveu a questão, por isso desconfio que a maior parte das pessoas ainda ficou mais perplexa do que já estava. Contudo, as implicações desta afirmação simples eram profundas.
Quando eu não me importo com o que acontece, o que implica isto? Implica que, internamente, eu esteja em sintonia com o que acontece. Como é óbvio, “o que acontece” refere-se ao “tal qual” do momento presente, que é sempre aquilo que é. Refere-se ao conteúdo, à forma que o momento presente – o único momento que existe – assume. Estar em sintonia com o que é significa estabelecer uma relação de não-resistência interior com o que acontece. Significa o não rotular mentalmente de bom ou de mau, mas deixar que ele seja. Quer isto dizer que já não podemos agir com o intuito de produzir mudanças na nossa vida? Pelo contrário. Quando a base das nossas acções é a sintonia interna com o momento presente, as nossas acções são fortalecidas pela inteligência da própria Vida.
in “um novo mundo, despertar para a essência da vida” de Eckhart Tollle, Ed Pergaminho
quinta-feira, janeiro 01, 2009
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