An Idiot's Guide to Ending A Relationship
by Ian Bassingthwaighte, TheSoko.com
Too often I see a friend or acquaintance, or even a random stranger, whose misery is blatantly written on his or her face, and I think to myself, "You know, they are stuck in an unhealthy relationship." So often we get in a rut, thinking we are loved, and so we give in, get stomped on, trampled over, etc. So when do you call it quits? When do you choose a life alone over a life with someone who would better serve in a relationship with an imperial dictator? This latter question has plagued humanity from the dawn of its existence, and now I'm finally going to step up to the plate and answer this question with a neat, tidy, accurate, and perfect five-point-list. With no further ado, Ladies and Gentlemen of the Masses, I present you with "The 5-Point-List Which Outlines the 5 Most Common Signs That Your Relationship Has Failed and That You Should Get Out Before Your Significant Other Stabs You In the Heart With an Ice Pick in The Middle Of the Night." The Fighting Becomes Unreal Everybody fights. Everybody fights about stupid stuff. But there comes a point when stupid is too stupid, and fighting is just for the sake of fighting. If your significant other comes home from work bitter about the fact that a co-worker accidentally drank their diet coke at lunch break, and they blame you for being weak and a rotten lover for not tracking this soda-stealer down and defending your lover's property by assaulting the co-worker's kids and burning down his house – you've got a problem. It is also a matter of frequency. If you find yourself fighting about who ate the last cup of applesauce, who forgot to flush the toilet, or whose hair is clogging the shower drain, it might be a sign that things are falling apart. Sleeping Back to Back If you and your significant other sleep back to back all night, every night, and never snuggle, cuddle, or touch, you might be on the path to destruction. Some people sleep on their side for comfort, but there is no reason that you can't both face the same way and get in some spooning time before you nod off into the dream world. Nighttime is a time for intimacy, even if it isn't sexual. If either you or your significant other intentionally lets out some gas on the other and you hear a slight giggle or you try to keep your giggle to yourself, you've got an even bigger problem.Sexually Un-Stimulating Bodies are stimulating in their own right. For most of us, we don't even need a good-looking body to become aroused. Sex is sex, when you get down to it. However, if you find yourself turned off when your partner is naked because of his or her personality, it might be a sign that you are truly in need of a break from this person. Sharing Becomes Painful Suppose you just baked a 16-inch frozen pizza. You spent the last half hour preheating and watching silently as the cheese bubbled and the crust browned. You pull it from the oven and you sit down in front of the TV to watch some crappy show about solving crimes with crossword puzzles and laser beams. Your partner walks in after browsing the Internet or reading a book. "Oh, can I have a slice?" she or he says. You look at them and think, "Get your own damn pizza!" but you only say, out of respect, "Well, I think I'm going to eat the whole thing, sorry." You then only eat a quarter of the pizza and throw the rest away. Sound familiar? If you are finding that you don't want to share, don't want to go out of your way for your lover, there could be something wrong. Love Sick, Literally The ultimate, without-a-doubt sign that your relationship needs to come to an end is if you find yourself waking up in the morning, taking a look at your drooling partner oozing his or her spittle on the pillow case, and you have the urge to throw up on their face. Or, when you are brushing your teeth in the morning, if you have the urge to dip your partner's toothbrush in the toilet and watch minutes later as they brush their teeth, you might have a problem. That feeling usually means that it is, unfortunately, time to call it quits.
But hey, don't take it from me. I'm no authority. In all honesty though - I am right. If any of this applies to you, head for the hills. Seriously, put on some warm socks and start running.
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domingo, julho 30, 2006
quinta-feira, julho 27, 2006
COMO NASCE UM PARADIGMA
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistasl ançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram.Depois de alguma surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."
Não devemos perder a oportunidade de passar esta história a quem pudermos, para que, de vez em quando, nos questionemos sobre algumas coisas que fazemos sem pensar ...
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistasl ançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram.Depois de alguma surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."
Não devemos perder a oportunidade de passar esta história a quem pudermos, para que, de vez em quando, nos questionemos sobre algumas coisas que fazemos sem pensar ...
quarta-feira, julho 12, 2006
MUITO MAIS QUE MERA COINCIDÊNCIA
Objeto de estudo da ciência, os acasos significativos podem mudar a concepção de mundo
Carlos Ribeiro19/03/2006 - 20:03
"Yo no creo en sincronicidades, pero que las hay, las hay". O famoso dito espanhol, relativo às brujas, aplica-se perfeitamente ao conceito de "coincidência significativa", adotado por uma legião de seguidores do pensador Carl Gustav Jung e rejeitado por correntes científicas mais tradicionais.Para C. G. Jung, sincronicidade é o nome que dá à ocorrência simultânea de acontecimentos que não têm, entre si, uma relação de causa e efeito. Quem já não vivenciou uma dessas coincidências "incríveis", sem aparente explicação lógica? E, no entanto, quem admite que possa haver nelas algo mais do que um simples acaso?No livro Além das coincidências: uma explicação científica para os acontecimentos atribuídos ao acaso, os jornalistas Martin Plimmer e Brian King catalogam várias dessas histórias inacreditáveis, como a seguinte:"Em 1899, o ator shakespeariano Charles Francis Coghlan, natural da ilha Prince Edward, no Canadá, morreu subitamente quando se apresentava na cidade portuária de Galveston, no Texas, sudoeste dos Estados Unidos. Como a distância era grande demais para trasladar o corpo para casa, ele foi colocado em um caixão de chumbo e enterrado num túmulo de granito num cemitério local.No dia 8 de setembro de 1900, um grande furacão atingiu Galveston - lançando ondas contra o cemitério e arrancando túmulos. O caixão de Coghland foi arrastado para o mar. Ele flutuou até o Golfo do México e seguiu pela costa da Flórida até o Atlântico, onde a corrente do golfo o apanhou e o levou para o norte.Em outubro de 1908, pescadores da ilha Prince Edward viram uma grande caixa corroída pelo tempo flutuando na costa. Após nove anos e 5.500 quilômetros, o corpo de Charles Coghlan tinha voltado para casa. Seus concidadãos o enterraram no cemitério da igreja onde ele tinha sido batizado".
PROBABILIDADES - O que torna esta história digna ou não de crédito? Descontando a possibilidade de que as fontes dos autores não sejam confiáveis, a questão básica relativa a tal fato poder ou não ter acontecido diz respeito à probabilidade. "Os matemáticos dizem que se uma coisa pode acontecer, acontecerá - um dia.Apenas coisas impossíveis não acontecem - como descobrir icebergs no Saara ou táxis sob a chuva", dizem Plimmer e King. Em outras palavras: se alguém disser que a chance de uma coisa acontecer é de uma em cada 73 milhões, não está dizendo que é impossível. "Se uma em cada 73 milhões de pessoas ficar verde, haverá 84 pessoas verdes no mundo".Veja-se o caso do guarda florestal Roy Cleveland Sullivan, atingido por um raio nada menos que sete vezes. "O que Sullivan tinha feito para merecer tanto azar? Seis anos depois do sétimo raio, ele cometeu suicídio. O motivo, como foi dito na época, era que ele tinha azar no amor. Um caso de não ser escolhido".Azar? Se se mudasse para a Bahia após o segundo raio, é provável que Sullivan tomasse um bom banho de folhas - e certamente não seria mais atingido por raios, independentemente ou não do fato de que a ocorrência desses fenômenos atmosféricos seja bem mais rara por aqui. De acordo com os matemáticos, o caso não é assim tão espantoso, já que as chances de uma pessoa ser atingida novamente por um raio são exatamente as mesmas.Bem mais difícil, no caso, seria a probabilidade de um meteorito cair na cabeça de alguém: de um em um quatrilhão. Mas, contam os autores do citado livro, uma vaca foi atingida por um meteorito, certa vez - só não disseram como alguém soube que ela estava lá. Assim, informa o matemático Ian Stewart, "é provável que, nos próximos dez mil anos, alguém seja atingido por um meteorito."
CAMADAS PROFUNDAS - Este é o aspecto anedótico da sincronicidade - ótimo para fisgar leitores de jornais dominicais. Mas não é o mais importante. Saber que um balão solto por uma garota de 10 anos, Laura Buxton, no jardim de casa, pousou 220 quilômetros depois, no jardim de uma outra Laura Buxton de 10 anos de idade, pode ser interessante, mas não passa de uma história fantástica que logo será esquecida.Para o físico Paul Kammerer, que estudou exaustivamente, no início do século XX, séries temporais de fenômenos sincrônicos, o mais importante é conhecer o que se passa por baixo da "crista das ondas", daquilo que nos parecem coincidências isoladas. A essas camadas profundas o psicanalista Carl Gustav Jung deu o nome de inconsciente coletivo.A sincronicidade tem sido, desde a primeira metade do século passado, objeto de questionamentos científicos que levam tanto ao âmbito da psicanálise como da física quântica, este ramo das ciências exatas tão citado e tão pouco compreendido. E, nele, à percepção, cada dia mais consensual, de que essas coincidências ocorrem, não num cenário de seres e objetos materiais, mas de um complexo campo de consciência, no qual a matéria não passa de uma ilusão. Nada é por acaso. A grande dificuldade para compreender melhor as coincidências estaria na resistência a fugir à lógica da filosofia grega.
Carlos Ribeiro
Para entender a sincronicidade, é necessário perceber, como diz o físico David Bohm, que a separação entre matéria e espírito é uma abstração. Ou, como afirmou o Prêmio Nobel Wolfgang Pauli, que espírito e corpo são aspectos complementares de uma mesma realidade.As evidências de que a matéria é inexistente levou o filósofo e matemático Bertrand Russel a uma definição genial: que "a matéria é uma fórmula cômoda para descrever o que acontece onde ela não está". O astrônomo V. A. Firsoff acrescenta: "Afirmar que existe só matéria e nenhum espírito é a mais ilógica das propostas. É bem diferente das descobertas da física moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do termo, não existe matéria".Tal afirmação se contrapõe ao senso comum. Mas, para se ter uma idéia mais clara do que afirmam os físicos, basta dizer que, segundo cálculo feito por Einstein, se os espaços entre todos os átomos em todos os seres humanos da Terra fossem eliminados, deixando apenas matéria concentrada, sobraria alguma coisa aproximadamente do tamanho de uma bola de baseball (embora muito mais pesada).Se todo este vasto conjunto de matéria que forma o planeta é pouco mais do que uma ilusão, o que sobra? Responde o físico Max Planck: "A energia é a origem de toda a matéria. Realidade, existência verdadeira, isso não é matéria, que é visível e perecível, mas a invisível e imortal energia - isso é verdade".
SIGNIFICADO - O que seria a coincidência neste ambiente imaterial? Para Jung, "atos da criação no tempo" - atos estes que são, muitas vezes, catalisados por "catarses emocionais".A grande dificuldade, segundo eminentes cientistas, para se compreender melhor as sincronicidades está - sobretudo, como diz o escritor húngaro Arthur Koestler, em seu famoso livro As raízes da coincidência (1972) - na dificuldade de se pensar fora das "categorias lógicas da filosofia grega, que impregna nosso vocabulário e conceitos e decide, por nós, o que é concebível e o que é inconcebível".Para o baiano Beto Hoisel, autor do ensaio ficcional Anais de um simpósio imaginário - entretenimento para cientistas (1998), a sincronicidade não se esgota na simples enumeração de coincidências. "Mexer com elas implica mexer com as bases metafísicas da nossa civilização. Implica, sobretudo, mexer no nosso paradigma que é ainda newtoniano, materialista, causalista, determinista, freudiano. Ou seja: aquele que não admite nada que não esteja além da matéria".A surpresa em relação às coincidências, segundo Beto, é conseqüência da incompreensão em relação ao dado fundamental de que tudo é possível. "As pessoas vivem sobrenadando num oceano de sincronicidades, das quais percebem só uma pequeníssima parte. Tudo acontece, com diferentes probabilidades. Mas quem determina as probabilidades? É aí que se escondem os deuses".Para o médico clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Bahia (Sobrames), Márcio Leite, o mais importante é destacar o que há de significativo, num determinado acontecimento, para a pessoa que o vive. É aí que se encontra o aspecto terapêutico da sincronicidade."É importante perceber algo que se passa do lado de fora que está conectado com o que a pessoa sente, percebe, sonha." O conceito de sincronicidade implica na idéia de que o universo é indivisível, e que há uma relação entre o que está dentro de nós (na psique) com o que está fora (realidade física) - e que essa interação se dá de forma não-causal.Como diz sabiamente Renée Haynes, no post-scriptum de As razões da coincidência, "é a qualidade, o significado, que cintila como uma estrela cadente através da sincronicidade".
SUPERSTIÇÕES - Uma das razões da postura cética de muitos cientistas é, possivelmente, a avalanche de tolices e superstições que está sempre pronta a inundar qualquer espaço aberto pela ciência em suas defesas racionais. Sem falar nas pessoas suscetíveis a ver "estranhas ligações" onde não existem.Se "a idéia de que o mundo é um jogo da consciência, um jogo de Deus", como disse recentemente o físico indiano Amit Goswami, ao programa Roda Viva, da TV Cultura, deve ser considerada, por outro lado, deve-se ressaltar que este Deus não é o que está sentado num trono com sua trombeta, mandando os inimigos do Povo Eleito para o inferno, nem muito menos o que promete um paraíso repleto de virgens para aqueles que morrerem eliminando o maior número de infiéis.À pergunta sobre se tinha uma religião, Arthur Koestler afirmou: "Se religião significa um amontoado de dogmas, então, certamente, não tenho. Tudo o que posso dizer é que há níveis de realidade além dos limites da ciência, e dos quais temos tido rápidas visões". Talvez seja um avanço a idéia, segundo Goswami, de que logo, no início do terceiro milênio, Deus será objeto de ciência e não mais de religião.Acreditando ou não em coincidências significativas, ou em bruxas, o fundamental, segundo Márcio Leite, é que não se tenha preconceito, sobretudo na investigação científica. O que pode salvar o mundo do embate entre céticos, fundamentalistas e a física pós-materialista, é o bom humor. Como nessa historinha contada por Brian King e Martin Plimmer:"Certa vez perguntaram ao famoso físico Niels Bohr por que ele tinha uma ferradura pendurada sobre a porta do seu escritório. 'O senhor certamente não acredita que isso fará qualquer diferença em sua sorte?', perguntou um colega. 'Não', respondeu ele, 'Mas eu ouvi dizer que funciona mesmo com aqueles que não acreditam'".
Leia mais
*As raízes da coincidência, de Arthur Koestler (Nova Fronteira, 1972)
*Sincronicidade, de C. G. Jung (Vozes, 1991)
*Sincronicidade - Ou porque nada é por acaso, de Robert H. Hopcke (Ed. Nova Era, 2001)
*Anais de um simpósio imaginário - Entretenimento para cientistas, de Beto Hoisel (Ed. Palas Athena, 1998. Tel: 11 3279-6288. www.palasathena.org).
Além das coincidências: Uma explicação científicapara os acontecimentos atribuídos ao acasoMartin Plimmer e Brian KingRelume Dumará (21 3882-8200/ www.relumedumara.com.br)
Objeto de estudo da ciência, os acasos significativos podem mudar a concepção de mundo
Carlos Ribeiro19/03/2006 - 20:03
"Yo no creo en sincronicidades, pero que las hay, las hay". O famoso dito espanhol, relativo às brujas, aplica-se perfeitamente ao conceito de "coincidência significativa", adotado por uma legião de seguidores do pensador Carl Gustav Jung e rejeitado por correntes científicas mais tradicionais.Para C. G. Jung, sincronicidade é o nome que dá à ocorrência simultânea de acontecimentos que não têm, entre si, uma relação de causa e efeito. Quem já não vivenciou uma dessas coincidências "incríveis", sem aparente explicação lógica? E, no entanto, quem admite que possa haver nelas algo mais do que um simples acaso?No livro Além das coincidências: uma explicação científica para os acontecimentos atribuídos ao acaso, os jornalistas Martin Plimmer e Brian King catalogam várias dessas histórias inacreditáveis, como a seguinte:"Em 1899, o ator shakespeariano Charles Francis Coghlan, natural da ilha Prince Edward, no Canadá, morreu subitamente quando se apresentava na cidade portuária de Galveston, no Texas, sudoeste dos Estados Unidos. Como a distância era grande demais para trasladar o corpo para casa, ele foi colocado em um caixão de chumbo e enterrado num túmulo de granito num cemitério local.No dia 8 de setembro de 1900, um grande furacão atingiu Galveston - lançando ondas contra o cemitério e arrancando túmulos. O caixão de Coghland foi arrastado para o mar. Ele flutuou até o Golfo do México e seguiu pela costa da Flórida até o Atlântico, onde a corrente do golfo o apanhou e o levou para o norte.Em outubro de 1908, pescadores da ilha Prince Edward viram uma grande caixa corroída pelo tempo flutuando na costa. Após nove anos e 5.500 quilômetros, o corpo de Charles Coghlan tinha voltado para casa. Seus concidadãos o enterraram no cemitério da igreja onde ele tinha sido batizado".
PROBABILIDADES - O que torna esta história digna ou não de crédito? Descontando a possibilidade de que as fontes dos autores não sejam confiáveis, a questão básica relativa a tal fato poder ou não ter acontecido diz respeito à probabilidade. "Os matemáticos dizem que se uma coisa pode acontecer, acontecerá - um dia.Apenas coisas impossíveis não acontecem - como descobrir icebergs no Saara ou táxis sob a chuva", dizem Plimmer e King. Em outras palavras: se alguém disser que a chance de uma coisa acontecer é de uma em cada 73 milhões, não está dizendo que é impossível. "Se uma em cada 73 milhões de pessoas ficar verde, haverá 84 pessoas verdes no mundo".Veja-se o caso do guarda florestal Roy Cleveland Sullivan, atingido por um raio nada menos que sete vezes. "O que Sullivan tinha feito para merecer tanto azar? Seis anos depois do sétimo raio, ele cometeu suicídio. O motivo, como foi dito na época, era que ele tinha azar no amor. Um caso de não ser escolhido".Azar? Se se mudasse para a Bahia após o segundo raio, é provável que Sullivan tomasse um bom banho de folhas - e certamente não seria mais atingido por raios, independentemente ou não do fato de que a ocorrência desses fenômenos atmosféricos seja bem mais rara por aqui. De acordo com os matemáticos, o caso não é assim tão espantoso, já que as chances de uma pessoa ser atingida novamente por um raio são exatamente as mesmas.Bem mais difícil, no caso, seria a probabilidade de um meteorito cair na cabeça de alguém: de um em um quatrilhão. Mas, contam os autores do citado livro, uma vaca foi atingida por um meteorito, certa vez - só não disseram como alguém soube que ela estava lá. Assim, informa o matemático Ian Stewart, "é provável que, nos próximos dez mil anos, alguém seja atingido por um meteorito."
CAMADAS PROFUNDAS - Este é o aspecto anedótico da sincronicidade - ótimo para fisgar leitores de jornais dominicais. Mas não é o mais importante. Saber que um balão solto por uma garota de 10 anos, Laura Buxton, no jardim de casa, pousou 220 quilômetros depois, no jardim de uma outra Laura Buxton de 10 anos de idade, pode ser interessante, mas não passa de uma história fantástica que logo será esquecida.Para o físico Paul Kammerer, que estudou exaustivamente, no início do século XX, séries temporais de fenômenos sincrônicos, o mais importante é conhecer o que se passa por baixo da "crista das ondas", daquilo que nos parecem coincidências isoladas. A essas camadas profundas o psicanalista Carl Gustav Jung deu o nome de inconsciente coletivo.A sincronicidade tem sido, desde a primeira metade do século passado, objeto de questionamentos científicos que levam tanto ao âmbito da psicanálise como da física quântica, este ramo das ciências exatas tão citado e tão pouco compreendido. E, nele, à percepção, cada dia mais consensual, de que essas coincidências ocorrem, não num cenário de seres e objetos materiais, mas de um complexo campo de consciência, no qual a matéria não passa de uma ilusão. Nada é por acaso. A grande dificuldade para compreender melhor as coincidências estaria na resistência a fugir à lógica da filosofia grega.
Carlos Ribeiro
Para entender a sincronicidade, é necessário perceber, como diz o físico David Bohm, que a separação entre matéria e espírito é uma abstração. Ou, como afirmou o Prêmio Nobel Wolfgang Pauli, que espírito e corpo são aspectos complementares de uma mesma realidade.As evidências de que a matéria é inexistente levou o filósofo e matemático Bertrand Russel a uma definição genial: que "a matéria é uma fórmula cômoda para descrever o que acontece onde ela não está". O astrônomo V. A. Firsoff acrescenta: "Afirmar que existe só matéria e nenhum espírito é a mais ilógica das propostas. É bem diferente das descobertas da física moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do termo, não existe matéria".Tal afirmação se contrapõe ao senso comum. Mas, para se ter uma idéia mais clara do que afirmam os físicos, basta dizer que, segundo cálculo feito por Einstein, se os espaços entre todos os átomos em todos os seres humanos da Terra fossem eliminados, deixando apenas matéria concentrada, sobraria alguma coisa aproximadamente do tamanho de uma bola de baseball (embora muito mais pesada).Se todo este vasto conjunto de matéria que forma o planeta é pouco mais do que uma ilusão, o que sobra? Responde o físico Max Planck: "A energia é a origem de toda a matéria. Realidade, existência verdadeira, isso não é matéria, que é visível e perecível, mas a invisível e imortal energia - isso é verdade".
SIGNIFICADO - O que seria a coincidência neste ambiente imaterial? Para Jung, "atos da criação no tempo" - atos estes que são, muitas vezes, catalisados por "catarses emocionais".A grande dificuldade, segundo eminentes cientistas, para se compreender melhor as sincronicidades está - sobretudo, como diz o escritor húngaro Arthur Koestler, em seu famoso livro As raízes da coincidência (1972) - na dificuldade de se pensar fora das "categorias lógicas da filosofia grega, que impregna nosso vocabulário e conceitos e decide, por nós, o que é concebível e o que é inconcebível".Para o baiano Beto Hoisel, autor do ensaio ficcional Anais de um simpósio imaginário - entretenimento para cientistas (1998), a sincronicidade não se esgota na simples enumeração de coincidências. "Mexer com elas implica mexer com as bases metafísicas da nossa civilização. Implica, sobretudo, mexer no nosso paradigma que é ainda newtoniano, materialista, causalista, determinista, freudiano. Ou seja: aquele que não admite nada que não esteja além da matéria".A surpresa em relação às coincidências, segundo Beto, é conseqüência da incompreensão em relação ao dado fundamental de que tudo é possível. "As pessoas vivem sobrenadando num oceano de sincronicidades, das quais percebem só uma pequeníssima parte. Tudo acontece, com diferentes probabilidades. Mas quem determina as probabilidades? É aí que se escondem os deuses".Para o médico clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Bahia (Sobrames), Márcio Leite, o mais importante é destacar o que há de significativo, num determinado acontecimento, para a pessoa que o vive. É aí que se encontra o aspecto terapêutico da sincronicidade."É importante perceber algo que se passa do lado de fora que está conectado com o que a pessoa sente, percebe, sonha." O conceito de sincronicidade implica na idéia de que o universo é indivisível, e que há uma relação entre o que está dentro de nós (na psique) com o que está fora (realidade física) - e que essa interação se dá de forma não-causal.Como diz sabiamente Renée Haynes, no post-scriptum de As razões da coincidência, "é a qualidade, o significado, que cintila como uma estrela cadente através da sincronicidade".
SUPERSTIÇÕES - Uma das razões da postura cética de muitos cientistas é, possivelmente, a avalanche de tolices e superstições que está sempre pronta a inundar qualquer espaço aberto pela ciência em suas defesas racionais. Sem falar nas pessoas suscetíveis a ver "estranhas ligações" onde não existem.Se "a idéia de que o mundo é um jogo da consciência, um jogo de Deus", como disse recentemente o físico indiano Amit Goswami, ao programa Roda Viva, da TV Cultura, deve ser considerada, por outro lado, deve-se ressaltar que este Deus não é o que está sentado num trono com sua trombeta, mandando os inimigos do Povo Eleito para o inferno, nem muito menos o que promete um paraíso repleto de virgens para aqueles que morrerem eliminando o maior número de infiéis.À pergunta sobre se tinha uma religião, Arthur Koestler afirmou: "Se religião significa um amontoado de dogmas, então, certamente, não tenho. Tudo o que posso dizer é que há níveis de realidade além dos limites da ciência, e dos quais temos tido rápidas visões". Talvez seja um avanço a idéia, segundo Goswami, de que logo, no início do terceiro milênio, Deus será objeto de ciência e não mais de religião.Acreditando ou não em coincidências significativas, ou em bruxas, o fundamental, segundo Márcio Leite, é que não se tenha preconceito, sobretudo na investigação científica. O que pode salvar o mundo do embate entre céticos, fundamentalistas e a física pós-materialista, é o bom humor. Como nessa historinha contada por Brian King e Martin Plimmer:"Certa vez perguntaram ao famoso físico Niels Bohr por que ele tinha uma ferradura pendurada sobre a porta do seu escritório. 'O senhor certamente não acredita que isso fará qualquer diferença em sua sorte?', perguntou um colega. 'Não', respondeu ele, 'Mas eu ouvi dizer que funciona mesmo com aqueles que não acreditam'".
Leia mais
*As raízes da coincidência, de Arthur Koestler (Nova Fronteira, 1972)
*Sincronicidade, de C. G. Jung (Vozes, 1991)
*Sincronicidade - Ou porque nada é por acaso, de Robert H. Hopcke (Ed. Nova Era, 2001)
*Anais de um simpósio imaginário - Entretenimento para cientistas, de Beto Hoisel (Ed. Palas Athena, 1998. Tel: 11 3279-6288. www.palasathena.org).
Além das coincidências: Uma explicação científicapara os acontecimentos atribuídos ao acasoMartin Plimmer e Brian KingRelume Dumará (21 3882-8200/ www.relumedumara.com.br)
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