A DESCOBERTA DO DÉCIMO PLANETA
Muito além de Plutão
Fernando Fernandes
A surpreendente descoberta de um planeta nos confins do Sistema Solar, uma vez e meia maior que Plutão, reacende a discussão sobre o esquema de regências. Touro, Libra, Gémeos e Virgem são os candidatos a ganhar um novo regente.
Os fatos, do ponto de vista astronómico
O corpo celeste se encontra a 14,5 biliões de quilómetros do Sol, três vezes mais que a atual distância de Plutão.
No gráfico, a localização do novo planeta é identificada pela seta amarela. Ele está nas proximidades da estrela Baten-Kaitos, da constelação de Cetus.
Um grupo de astrónomos anunciou em Los Angeles a descoberta de um novo
planeta maior do que Plutão. O planeta é o corpo celeste mais distante do Sistema Solar, encontrando-se a aproximadamente 14,5 bilhões de quilómetros do Sol, três vezes mais do que a distância atual de Plutão ao Sol. Segundo o astrónomo Michael Brown, do Caltech - Instituto de Tecnologia de Califórnia, trata-se do primeiro objecto confirmadamente maior do que Plutão no Sistema Solar exterior.
Brown definiu o objecto como o décimo planeta do Sistema Solar, se bem que a descoberta veio renovar a discussão sobre o que é realmente um planeta e se Plutão pode ser enquadrado nesta categoria. Em outras palavras: o corpo recém-descoberto pode levar os astrónomos a "desbancar" Plutão, que corre o risco de ser reclassificado como planetóide.
Os astrónomos ainda ignoram o tamanho exacto do novo planeta, se bem que seu brilho indique que, no mínimo, é equivalente a Plutão, podendo chegar, provavelmente, a uma vez e meia o tamanho deste.
Brown propôs à União Astronómica Internacional um nome para o novo planeta. Contudo, negou-se a revelá-lo até que o nome seja aprovado. Por enquanto o objeto é identificado pela nada estimulante denominação de 2003UB313.
Segundo Michael Brown, o décimo planeta estará vísivel para os astrónomos durante os próximos seis meses.
O objecto foi fotografado pela primeira vez em 2003 por Brown e seus colegas Chad Trujillo, do Observatório Gemini, e David Rabinowitz, da universidade de Yale. A foto foi obtida com o uso de um telescópio de 1,2 metros de diâmetro no Observatório de Palomar. Todavia, o planeta se encontra tão afastado que seu movimento não foi detectado até que os dados passaram por uma reanálise em Janeiro de 2005. Trata-se de um corpo celeste rochoso e gelado, tal como Plutão. Os astrónomos ainda necessitam de pelo menos seis meses para determinar seu tamanho exacto.
Outros objectos celestes já haviam sido descobertos no Cinturão de Kuiper, um disco de asteróides e restos gelados que se estende para os confins do Sistema Solar além da órbita de Neptuno. Alguns objectos, tão logo foram descobertos, chegaram a ser dados apressadamente como planetas, como Quaoar e Sedna (este último em Março de 2004), mas suas dimensões permitem considerá-los apenas como planetóides ou asteróides. Desta vez, porém, não há dúvida: as dimensões do novo objecto não permitem outra classificação senão a de planeta, o que vem atiçando a imaginação de astrónomos e astrólogos.
Segundo os cientistas, o 2003UB313 passou despercebido por muito tempo porque sua órbita tem uma inclinação de aproximadamente 45 graus em relação ao plano em que os outros planetas giram em torno do Sol. Na verdade, simplesmente ninguém imaginava que pudesse haver algum planeta ali.
Segundo a Caltech, o 2003UB313 está 97 vezes mais distante do centro do Sistema Solar do que a Terra. Entretanto, tudo leva a crer que tal distância seja bastante variável, já que a órbita do novo corpo celeste parece ser pronunciadamente elíptica. O novo planeta dá uma volta ao redor do Sol a cada 560 anos (mais do dobro do tempo gasto por Plutão).
A questão da sincronicidade
No artigo Sedna, a Deusa Mutilada, publicada em Constelar n° 70
(abril/2004), dizíamos o seguinte: descobertas de corpos celestes costumam coincidir com a ampliação dos horizontes civilizatórios, como se cada novo planeta representasse a emergência de um novo processo na consciência humana.
Em seguida, naquele mesmo artigo, apresentamos um quadro que relaciona os eventos e processos sociais coincidentes com a afirmação do heliocentrismo e com as descobertas de Urano (1781), Netuno (1846), Plutão (1930) e dos planetóides Quaoar (2001) e Sedna (2004). Em relação a este último, verificou-se que a simbologia remete à questão dos oceanos como factor de equilíbrio da vida na Terra e da sustentabilidade do meio ambiente. Sedna foi descoberto enquanto transitava em Touro, signo relacionado à natureza e
compondo com Escorpião, seu oposto, o eixo da sustentação e da renovação dos recursos do meio ambiente. Além de Touro, Peixes também aparecia enfatizado, até pelo fato de Sedna ser uma deusa-mártir do fundo do oceano, segundo o mito esquimó.
Teria sido por acaso que alguns meses após a descoberta de Sedna a Terra foi sacudida pelo pior desastre natural dos últimos séculos? Falamos, é claro, do tsunami do Oceano Índico, que ceifou mais de 300 mil vidas. Não há aqui nenhuma intenção de atribuir a Sedna a responsabilidade pelas ondas gigantescas. Não se trata de uma relação de causa e efeito, mas apenas de sincronicidade: o mundo acorda para a dramática realidade da degradação ambiental no mesmo momento em que descobre um novo corpo celeste cuja simbologia aponta exactamente para esta questão.
A descoberta de 2003UB313, o décimo planeta, também carrega alguns fortes elementos simbólicos cuja plena compreensão provavelmente só teremos quando o nome do novo habitante do Sistema Solar for revelado. Já há, contudo, algumas pistas. O anúncio oficial da existência do 2003UB313 ocorreu em Julho de 2005, quando esse lentíssimo corpo celeste transitava em algum ponto entre 21°06' e 22°05' de Áries (as primeiras efemérides sobre o décimo planeta ainda são ligeiramente contraditórias). Do ponto de vista astronómico, o novo planeta não se encontra na constelação de Áries, mas sim na de Cetus, na região do equador celeste e vizinha de Áries e Peixes, ligeiramente ao sul da faixa zodiacal.
quarta-feira, abril 12, 2006
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