Gosto da força que temos, e que é amaciada por uma imensa sensibilidade; gosto do pragmatismo que nos move, que nos faz ter esta capacidade de ter os pés na terra e de mover o mundo; gosto quando argumentamos com base na emoção, sabendo que esta é tão legítima e importante como a mais elaborada estrutura racional; gosto da ternura que imprimimos nas nossa relações, sabendo-nos capazes das mais radicais e cortantes decisões; gosto da importância que damos aos detalhes, da forma como iluminamos os dias; gosto do nosso instinto de sobrevivência, que nos faz bravas e duras; gosto da maciez da nossa pele e dos contornos doces do nosso corpo; gosto porque temos coragem de virar a mesa e de não fingir que tudo está bem; gosto do modo como nos damos, como queremos tanto construir terreno comum; gosto da sensação indescritível de se ter dentro de nós os filhos que desejamos; gosto da forma inadiável como ficamos para sempre ligadas a alguém, presas à terra, a partir do momento que somos mães; gosto porque sabemos muitas coisas antes, porque quase que as adivinhamos, embora isso só aconteça porque pensamos muito, e de forma profunda, em tudo o que fazemos; gosto porque somos múltiplas, várias, caleidoscópicas, fascinantes. Gosto quando vivemos a fundo a generosidade impressa na nossa condição e quando não jogamos jogo nenhum, que não o de ser feliz e o de fazer feliz.
Gosto muito, muito de ser mulher.
Guta Moura Guedes, Março 2005
sábado, março 08, 2008
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