O ACTO SEXUAL É PARA TER FILHOS!
A propósito da IVG...
Agora que temos novo referendo sobre a IVG (Interrupção Voluntária da
Gravidez) aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos:
«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no
dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate
sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de
Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares,
sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por
isso:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )
quarta-feira, janeiro 31, 2007
OS CICLOS DE SATURNO EM NOSSA VIDA
Graziella Marraccini
Nada é tão básico e fácil de constatar em nossa vida do que os ciclos. As Leis Herméticas mostram que Vibração, Ritmo e até mesmo Causa e Efeito (leia sobre as Leis Herméticas na seção Cabala no site), possuem uma característica cíclica facilmente observável. O que é ciclo? Ciclo é um intervalo de tempo entre um evento e outro (ou uma série de eventos) e que pode se repetir regularmente. Ciclo é também uma execução completa (o ponto final) de um fenômeno ou uma seqüência de eventos, que se repetem periodicamente. Portanto, quando ocorre um ciclo podemos experimentar novamente um acontecimento que já ocorreu no passado. Toda a nossa compreensão mental do mundo depende dos ciclos, já que são eles que nos fornecem os meios para aprender, crescer, amadurecer e compreender com o fenômeno da repetição. Aprendemos em base à observação e aprendizado de ciclos passados. A palavra ciclo deriva do antigo termo grego "kyklos" que significa "círculo". A própria mandala astrológica é um circulo e sabemos que o circulo é um dos símbolos mais poderosos de nossa humanidade. Por exemplo, um círculo com um ponto no meio é o símbolo do Sol, centro de nosso sistema solar. Nossos planetas são representados com círculos.Baseados na experiência que a astrologia nos ensinou, compreendemos que o deslocamento dos planetas em sua própria órbita causa efeitos que se repetem ciclicamente. Assim, quando um planeta forma um aspecto em relação à posição que ele ocupava no momento de nosso nascimento, ele está simplesmente indicando de que forma essa energia se tornará atuante em nossa vida, terminando um ciclo e iniciando outro. Os ciclos não são todos 'negativos', porém. Existem ciclos positivos, ou seja, de planetas considerados benéficos(como Vênus e Júpiter, por exemplo) existem ciclos considerados negativos (como Saturno e Urano, por exemplo) e existem também ciclos que podem ser ambas as coisas. Ou seja, se tivermos Júpiter em mau aspecto no nosso mapa natal, o ciclo de Júpiter (de doze anos aproximadamente) não poderá ser positivo, mesmo se o planeta é considerado benéfico.
O mesmo pode se dizer de Saturno. Considerado negativo, este planeta pode não indicar nenhum fato negativo se ele mesmo não estiver em mau aspecto em nosso mapa natal, ou se não tivermos nenhuma dificuldade (dada nossa característica pessoal) de lidar com sua energia específica.Que dificuldade teria um capricorniano para lidar com a energia de Saturno?Praticamente nenhuma, já que esta é uma energia que lhe é familiar. Mas o mesmo ciclo será muito difícil para um ariano, por exemplo! Os aspectos mais brandos, como sextis e trígonos são considerados favoráveis. Os aspectos de oposição e quadraturas e as conjunções são considerados mais difíceis e tensos. As conjunções marcam um 'fim de ciclo'.
Saturno é um planeta lento, e demora cerca de 29 anos (29,42) para completar o ciclo completo em volta do Sol e se juntar consigo mesmo novamente, ou seja, a formar uma conjunção consigo mesmo. Assim, de sete em sete anos ele também forma aspectos menores, marcando etapas importantes de nossa existência. Vocês já perceberam como o número 7 é importante em nossa vida? Com 7 anos saímos de casa para começarmos nossa atividade escolar (quadratura de Saturno com Saturno natal). Com 14 anos aproximadamente, começam as angústias da adolescência; no meio do período anti-social (marcado pelo ciclo de 12 anos de Júpiter) Saturno atua no sentido de ajudar a criança a estabelecer uma identidade própria, libertando-se da figura paterna (Saturno no mapa natal é sinônimo de pai, de autoridade), ou simplesmente questionando-a. É um período difícil, sem dúvida, que pode resultar numa alienação total da própria sociedade, como forma de se libertar da pressão paterna. Na maioria dos casos, pouco a pouco, a pessoa entra em acordo com as pressões e as exigências da sociedade (21 anos), atingindo a maior idade, quando irá se encaixar dentro dos padrões da sociedade em que vive. Devemos salientar que este ciclo de 7 anos também coincide com o ciclo Lunar, o que reforça as crises de cunho emocional se sobrepondo ao ciclo de Saturno.Entre os 21 anos e os 29 anos e meio, a pessoa desenvolve seu potencial de ser independente, buscando conquistar seu próprio espaço, estabelecendo uma identidade própria e conseguindo então chegar ao patamar desejado. Mas, se aos 29 anos a pessoa não consegue alcançar as metas estabelecidas, então começa a primeira grande crise: é o primeiro 'retorno de Saturno'. O GrandePai Cósmico irá dar sua nota a esse indivíduo em fase de evolução. Ele lhe perguntará: o que você andou fazendo até agora? Estudou? Se formou? Está empregado? Conseguiu constituir uma família? Já tem um filho? Já comprou casa? Já... Já... Já.... É o Senhor do Tempo fazendo a sua cobrança! A crise será maior quanto mais difícil for a posição de Saturno em seu Mapa Natal.Ou seja, se Saturno forma aspectos com os luminares (Sol e Lua do MapaNatal), que são determinantes para o desenvolvimento da sua personalidade, a crise será muito sentida. Se formar aspectos tensos com outros planetas maléficos (Marte ou Urano, por exemplo) também poderá ser muito marcante.Assim, o indivíduo terá que fazer esforços muito sérios para estabelecer e desenvolver condições de vida cada vez mais sólidas, buscando a estabilidade que lhe servirá de sustento na terceira idade. A baixa energia gerada pelo próximo ciclo, oposição de Saturno consigo mesmo, atinge as pessoas por volta dos 44 anos. O indivíduo se sente 'maduro' (e tem medo de envelhecer, perdendo o viço da juventude): o homem busca relacionamentos com jovens para espantar a fantasma do envelhecimento, e a mulher se assusta com o aparecimento das primeiras rugas e corre para o dermatologista (ou para o cirurgião plástico). É a juventude que se vai!
Neste momento de nossa vida é imperioso estabelecer nova relação consigo mesmo, assumindo um novo ciclo dentro de sua existência. Não há retorno possível dentro do ciclo, não se anda para trás.Um pouquinho antes dos 59 anos, toda a história se inverte e o retorno deSaturno pode encontrar a pessoa num ciclo positivo, mesmo que novamente bastante importante. Tudo depende de como o indivíduo aprendeu a lição durante todo esse tempo. Se ele foi responsável, trabalhou e poupou, viveu, amou, se multiplicou (condição fatal a toda a humanidade) ele irá chegar à 'melhor idade' realmente melhorado! Os frutos de toda uma vida costumam estar à disposição da pessoa, assim como a capacidade de produzir mais, resultando num sentimento de realização e confiança. Poderá então desfrutar de um período bastante criativo e muito, muito gratificante. O próximo ciclo importante acontece por volta dos 73 anos (é um período de baixa, pois acontece novamente uma oposição Saturno/Saturno). Diminui a energia física, diminui o fluxo energético de Júpiter que deu um vigor momentâneo à pessoa por volta dos 71 anos, e começa, praticamente, a decadência. É claro que isso não indica uma verdadeira morte física, e se o indivíduo passar por essa crise de 'consciência da velhice', mas com uma disposição jovem no coração, o ser humano poderá ainda esperar alguns ciclos de alta energia, por volta dos 80 anos. Vocês já viram quantos velhos de 80 anos se sentem mais jovens do que muitos jovens de 21? Assim, podemos dizer que esses ciclos de Saturno (de 29 anos e meio) são importantes sempre, tanto os favoráveis quanto os mais difíceis, pois seus efeitos terão um alcance tão abrangente quanto maior for nosso desenvolvimento espiritual. Saturno é nossa consciência individual, e no curto prazo pode ser restritivo e até destruidor, mas, no longo prazo, é criativo e evolutivo. Ajuda-nos a crescer, a assumir responsabilidades. Ele nos ajuda a separar o joio do trigo, a poupar as boas sementes para o replantio, ele nos fortalece com a escassez para que não desperdicemos na abundância. Vocês lembram das sete vacas magras e das sete vacas gordas? Bem, é assim que Saturno nos lapida, fazendo de nós as mais belas e preciosas pedras da criação de Deus.
Os ciclos de Saturno (Deus da matéria e Senhor da cristalização da Vida) são os mais proveitosos de todos e quem se recusa a usufrui-los é realmente infeliz, desperdiça sua vida criando conseqüentemente um retorno ainda mais difícil.
Graziella Marraccini é astróloga, taróloga, cabalista e estudiosa de ciências ocultas e dirige a Sirius Astrology.
Graziella Marraccini
Nada é tão básico e fácil de constatar em nossa vida do que os ciclos. As Leis Herméticas mostram que Vibração, Ritmo e até mesmo Causa e Efeito (leia sobre as Leis Herméticas na seção Cabala no site), possuem uma característica cíclica facilmente observável. O que é ciclo? Ciclo é um intervalo de tempo entre um evento e outro (ou uma série de eventos) e que pode se repetir regularmente. Ciclo é também uma execução completa (o ponto final) de um fenômeno ou uma seqüência de eventos, que se repetem periodicamente. Portanto, quando ocorre um ciclo podemos experimentar novamente um acontecimento que já ocorreu no passado. Toda a nossa compreensão mental do mundo depende dos ciclos, já que são eles que nos fornecem os meios para aprender, crescer, amadurecer e compreender com o fenômeno da repetição. Aprendemos em base à observação e aprendizado de ciclos passados. A palavra ciclo deriva do antigo termo grego "kyklos" que significa "círculo". A própria mandala astrológica é um circulo e sabemos que o circulo é um dos símbolos mais poderosos de nossa humanidade. Por exemplo, um círculo com um ponto no meio é o símbolo do Sol, centro de nosso sistema solar. Nossos planetas são representados com círculos.Baseados na experiência que a astrologia nos ensinou, compreendemos que o deslocamento dos planetas em sua própria órbita causa efeitos que se repetem ciclicamente. Assim, quando um planeta forma um aspecto em relação à posição que ele ocupava no momento de nosso nascimento, ele está simplesmente indicando de que forma essa energia se tornará atuante em nossa vida, terminando um ciclo e iniciando outro. Os ciclos não são todos 'negativos', porém. Existem ciclos positivos, ou seja, de planetas considerados benéficos(como Vênus e Júpiter, por exemplo) existem ciclos considerados negativos (como Saturno e Urano, por exemplo) e existem também ciclos que podem ser ambas as coisas. Ou seja, se tivermos Júpiter em mau aspecto no nosso mapa natal, o ciclo de Júpiter (de doze anos aproximadamente) não poderá ser positivo, mesmo se o planeta é considerado benéfico.
O mesmo pode se dizer de Saturno. Considerado negativo, este planeta pode não indicar nenhum fato negativo se ele mesmo não estiver em mau aspecto em nosso mapa natal, ou se não tivermos nenhuma dificuldade (dada nossa característica pessoal) de lidar com sua energia específica.Que dificuldade teria um capricorniano para lidar com a energia de Saturno?Praticamente nenhuma, já que esta é uma energia que lhe é familiar. Mas o mesmo ciclo será muito difícil para um ariano, por exemplo! Os aspectos mais brandos, como sextis e trígonos são considerados favoráveis. Os aspectos de oposição e quadraturas e as conjunções são considerados mais difíceis e tensos. As conjunções marcam um 'fim de ciclo'.
Saturno é um planeta lento, e demora cerca de 29 anos (29,42) para completar o ciclo completo em volta do Sol e se juntar consigo mesmo novamente, ou seja, a formar uma conjunção consigo mesmo. Assim, de sete em sete anos ele também forma aspectos menores, marcando etapas importantes de nossa existência. Vocês já perceberam como o número 7 é importante em nossa vida? Com 7 anos saímos de casa para começarmos nossa atividade escolar (quadratura de Saturno com Saturno natal). Com 14 anos aproximadamente, começam as angústias da adolescência; no meio do período anti-social (marcado pelo ciclo de 12 anos de Júpiter) Saturno atua no sentido de ajudar a criança a estabelecer uma identidade própria, libertando-se da figura paterna (Saturno no mapa natal é sinônimo de pai, de autoridade), ou simplesmente questionando-a. É um período difícil, sem dúvida, que pode resultar numa alienação total da própria sociedade, como forma de se libertar da pressão paterna. Na maioria dos casos, pouco a pouco, a pessoa entra em acordo com as pressões e as exigências da sociedade (21 anos), atingindo a maior idade, quando irá se encaixar dentro dos padrões da sociedade em que vive. Devemos salientar que este ciclo de 7 anos também coincide com o ciclo Lunar, o que reforça as crises de cunho emocional se sobrepondo ao ciclo de Saturno.Entre os 21 anos e os 29 anos e meio, a pessoa desenvolve seu potencial de ser independente, buscando conquistar seu próprio espaço, estabelecendo uma identidade própria e conseguindo então chegar ao patamar desejado. Mas, se aos 29 anos a pessoa não consegue alcançar as metas estabelecidas, então começa a primeira grande crise: é o primeiro 'retorno de Saturno'. O GrandePai Cósmico irá dar sua nota a esse indivíduo em fase de evolução. Ele lhe perguntará: o que você andou fazendo até agora? Estudou? Se formou? Está empregado? Conseguiu constituir uma família? Já tem um filho? Já comprou casa? Já... Já... Já.... É o Senhor do Tempo fazendo a sua cobrança! A crise será maior quanto mais difícil for a posição de Saturno em seu Mapa Natal.Ou seja, se Saturno forma aspectos com os luminares (Sol e Lua do MapaNatal), que são determinantes para o desenvolvimento da sua personalidade, a crise será muito sentida. Se formar aspectos tensos com outros planetas maléficos (Marte ou Urano, por exemplo) também poderá ser muito marcante.Assim, o indivíduo terá que fazer esforços muito sérios para estabelecer e desenvolver condições de vida cada vez mais sólidas, buscando a estabilidade que lhe servirá de sustento na terceira idade. A baixa energia gerada pelo próximo ciclo, oposição de Saturno consigo mesmo, atinge as pessoas por volta dos 44 anos. O indivíduo se sente 'maduro' (e tem medo de envelhecer, perdendo o viço da juventude): o homem busca relacionamentos com jovens para espantar a fantasma do envelhecimento, e a mulher se assusta com o aparecimento das primeiras rugas e corre para o dermatologista (ou para o cirurgião plástico). É a juventude que se vai!
Neste momento de nossa vida é imperioso estabelecer nova relação consigo mesmo, assumindo um novo ciclo dentro de sua existência. Não há retorno possível dentro do ciclo, não se anda para trás.Um pouquinho antes dos 59 anos, toda a história se inverte e o retorno deSaturno pode encontrar a pessoa num ciclo positivo, mesmo que novamente bastante importante. Tudo depende de como o indivíduo aprendeu a lição durante todo esse tempo. Se ele foi responsável, trabalhou e poupou, viveu, amou, se multiplicou (condição fatal a toda a humanidade) ele irá chegar à 'melhor idade' realmente melhorado! Os frutos de toda uma vida costumam estar à disposição da pessoa, assim como a capacidade de produzir mais, resultando num sentimento de realização e confiança. Poderá então desfrutar de um período bastante criativo e muito, muito gratificante. O próximo ciclo importante acontece por volta dos 73 anos (é um período de baixa, pois acontece novamente uma oposição Saturno/Saturno). Diminui a energia física, diminui o fluxo energético de Júpiter que deu um vigor momentâneo à pessoa por volta dos 71 anos, e começa, praticamente, a decadência. É claro que isso não indica uma verdadeira morte física, e se o indivíduo passar por essa crise de 'consciência da velhice', mas com uma disposição jovem no coração, o ser humano poderá ainda esperar alguns ciclos de alta energia, por volta dos 80 anos. Vocês já viram quantos velhos de 80 anos se sentem mais jovens do que muitos jovens de 21? Assim, podemos dizer que esses ciclos de Saturno (de 29 anos e meio) são importantes sempre, tanto os favoráveis quanto os mais difíceis, pois seus efeitos terão um alcance tão abrangente quanto maior for nosso desenvolvimento espiritual. Saturno é nossa consciência individual, e no curto prazo pode ser restritivo e até destruidor, mas, no longo prazo, é criativo e evolutivo. Ajuda-nos a crescer, a assumir responsabilidades. Ele nos ajuda a separar o joio do trigo, a poupar as boas sementes para o replantio, ele nos fortalece com a escassez para que não desperdicemos na abundância. Vocês lembram das sete vacas magras e das sete vacas gordas? Bem, é assim que Saturno nos lapida, fazendo de nós as mais belas e preciosas pedras da criação de Deus.
Os ciclos de Saturno (Deus da matéria e Senhor da cristalização da Vida) são os mais proveitosos de todos e quem se recusa a usufrui-los é realmente infeliz, desperdiça sua vida criando conseqüentemente um retorno ainda mais difícil.
Graziella Marraccini é astróloga, taróloga, cabalista e estudiosa de ciências ocultas e dirige a Sirius Astrology.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
*ELOGIO AO AMOR*
(Miguel Esteves Cardoso - Expresso)
"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza.
Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.
Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama.
Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.
Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja.
Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz.
É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.
Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe.
Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma.
É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.
A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.
Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."
(Miguel Esteves Cardoso - Expresso)
"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza.
Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.
Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama.
Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.
Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja.
Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz.
É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.
Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe.
Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma.
É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.
A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.
Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."
Subscrever:
Mensagens (Atom)